Os contos de Mario Lavale impressionam pela variedade estilística e a habilidade técnica, o livro de Arthur Telló impressiona pela costura cuidadosa que faz dessa diversidade uma unidade. Como se cada conto crescesse ao se relacionar com o próximo e o próximo, e ao final alcançamos um panorama do mundo fictício de Lavale.
A escrita de Arthur Telló demonstra grande sensibilidade ao abordar, por exemplo, a esfera emocional de personagens ansiosos, ou depressivos. O conto “Blue”, que abre o livro, além de uma paulada, se constrói com uma densidade incrível a partir de um texto curto e simples. Relações familiares edificadas à base do silêncio e da distância afetiva, e a elaboração de términos de relacionamentos vivida a partir de uma perspectiva masculina são outras das abordagens que trazem força à coletânea.
Mario Lavale se confunde com Arthur Telló apenas ao compartilharem a literatura – em seus diversos âmbitos de atuação –, a Porto Alegre contemporânea, a insistência em resistir através da palavra. Ao abrir “os cadernos de solidão” estamos no mundo da ficção, onde quem dita as regras é Mário Lavale, “escritor dono de um estilo vivaz, colorido e econômico”.
