Certo que você já pensou que criatividade é coisa de outro mundo. Certo também que você já desistiu de uma ideia por não a achar criativa o suficiente, ou achar que você não era criativo o suficiente, como se você não fizesse parte do seleto grupo de escolhidos. Pera lá. A criatividade é uma característica do ser humano, todo mundo tem. Ela diz respeito a forma que você interage com o mundo, sua capacidade de encontrar soluções diferentes e inovadoras para qualquer tipo de situação. No geral, a infância é o lugar onde vivenciamos o ápice de nossa criatividade, depois disso somos ensinados a acreditar que só existe um jeito de fazer as coisas: o jeito certo. E a criatividade vai mirrando dentro da pessoa como qualquer outra competência que não é posta em prática.
A notícia boa é que criatividade se cultiva, quanto mais você a exercita, mais ela se expande. Como muitas competências, despertar a criatividade exige uma boa dose de disposição e autoconhecimento. Procure entender os medos que se escondem atrás de frases como “eu não sou criativo”, “essa não é uma boa ideia”. Talvez você tenha uma dúzia de ideias ruins antes de ter uma boa, e tudo bem. Criatividade diz respeito a processo e não a uma genialidade absoluta; o erro faz parte do caminho. Nada é totalmente inovador. “Uma ideia nova é sempre uma mistura de ideias velhas”, diz o neurocientista Sidarta Ribeiro.
Além disso, saia de sua zona de conforto. Tanto em relação ao que você consome – leituras, filmes, séries, músicas –, quando ao que você produz. Ao escrever, teste gêneros diferentes, narradores diferentes, personagens diferentes. Escreva sem se preocupar com o resultado, você está escrevendo um exercício, não concorrendo ao Nobel. Estude sobre processos criativos de artistas, inventores, pessoas que você admira – você vai perceber que muitas das suas dúvidas foram dúvidas deles também. Estude o seu próprio processo criativo. Estude sempre e muito, sobre aquilo que faz seu olho brilhar; mas também sobre temas que normalmente você não estudaria.
No dia a dia, procure maneiras diferentes de executar tarefas simples, vá ao mercado por um caminho novo, invente uma gambiarra, conte um sonho para um amigo com o máximo de detalhes que conseguir. Converse com as pessoas e pratique a escuta atenta, olhe para o outro, se interesse pelo que ele está dizendo. Resgate o hábito de fazer perguntas, qualquer pergunta, permita que as pessoas lhe contem suas histórias e escute. Realmente escute. Criatividade tem a ver com empatia e colaboração, as novas ideias são uma mistura de ideias velhas, lembra? Crie oportunidades banais para colocar em prática a criatividade e se divirta com isso.
Se divertir é importante. São inúmeras as ferramentas disponíveis, não existe o jeito certo, existe o jeito que funciona para você.
Taiane Santi Martins 