Ainda haverá toque


por exemplo,
temos novas razões para assepsia
ainda que o animal faça da língua
o impulso que leva ao passo da cria
ainda que seja de barro e placenta
o princípio salobre dos nossos dias

ainda esperamos respostas cometas
rasgarem nossas poucas certezas
a noroeste de tudo aquilo que se põe

como bezerros tateamos as calçadas
incertos do que paira invisível no concreto
impregnado entre o vacilo dos cascos

lambemos nossas próprias feridas
porque foi isso o que nos restou

ainda há uma crença cravada
na linha inalcançada das lições
que se repetem em azul alanrajado

não será por falta de exemplo
um cometa não passa de sucata
riscando nossos olhos com os restos
de tudo aquilo que não pôde ser sol

In: Revista RUSGA, n° 5, agosto de 2020

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